SILÊNCIO COVARDE E INCOMPETÊNCIA DAS UNIVERSIDADES ANGOLANAS, FACE AO CORONAVÍRUS.

O Decreto Executivo Conjunto n. 31/03, de 24 de Junho, publicado em Diário da República, I série, n. 49, dos Ministérios da Administração Pública, Emprego e Segurança Social e do Planeamento, aprova o Classificador de Profissões de Angola (C.P.A), sendo signatários os Ministros António Domingos Pitra Costa Neto e Ana Afonso Dias Lourenço.

O Classificador das Profissões de Angola, constitui o instrumento oficial adequado e de observação obrigatória para os serviços da administração pública e das empresas em matéria de recolha e tratamento de informação sobre profissões.

Penso ser importante que as universidades do país, públicas e privadas, assegurem a formação qualitativa de quadros competentes para fazer face aos desafios dos problemas actuais da sociedade e outros que vão surgindo com o tempo.

As universidades devem estar à altura de desenvolver projectos imediatos para problemas que careçam de respostas imediatas na sociedade. Elas, não devem ser apenas instituições vocacionadas a engordar as estatísticas quantitativas de pseudo-quadros ou técnicos superiores que saibam entupir o Facebook com milhares de fotografias exibicionistas do diploma de licenciatura ou mestrado!

O surgimento do vírus corona que ameaça a segurança internacional, no que a saúde diz respeito, cujo epicentro está localizado na República Popular da China, constitui hoje uma preocupação de todos os países do mundo e dos seus cidadãos em particular, tendo em consideração a mobilidade das pessoas num mundo transformado em aldeia global.

O medo instalou-se na sociedade angolana, pois, embora estejamos muito longe da China, sabe-se que o vírus vai se espalhando rapidamente em outros continentes, aliás, Angola é um país vulnerável, tendo em consideração a fraca capacidade técnica, humana, material e logística para diagnosticar, tratar e controlar a marcha progressiva de um vírus tão letal.

De acordo com o já referido Classificador de Profissões de Angola, o virologista estuda a natureza e características dos vírus tendo em vista o desenvolvimento do conhecimento científico e sua aplicação prática na medicina, agricultura e outros campos.

Estuda ainda, as condições de multiplicação dos vírus nos vários sistemas susceptíveis, recorrendo, em particular, a cultura de tecidos e animais de laboratório, tendo em vista isolá-los e identificá-los segundo métodos bio-imunológicos, estuda a acção dos vírus sobre os animais e plantas procurando estabelecer diagnóstico laboratorial de doenças infecciosas por esses micro-organismos e realizando estudos de investigação, ensaia a acção de substâncias várias sobre os vírus com o fim de obter produtos antivirais com aplicações terapêuticas, estuda a epidemiologia das doenças virais com o auxílio de inquéritos sorológicos e outros meios, de modo a poder estabelecer as normas necessárias de profilaxia.

Diante deste desafio que se impõe ao Estado e aos cidadãos em geral, sobre as medidas e formas de prevenção contra o Coronavírus, atrevo-me a questionar o seguinte:

1. Quantos virologistas tem o país?

2. Os que existem serão capazes de exercer com eficiência a missão que lhes é pertinente diante desta situação?

3. Qual é a reacção das Universidades existentes no país, em relação ao Coronavírus?

Em relação as perguntas feitas, deixo para reflexão dos amigos internautas as respectivas respostas, recordando que, a Universidade de Macau, já avançou com o projecto denominado “Virus Hunter”, que facilitará o diagnóstico da doença, ou seja, um sistema capaz de fazer a deteção do coronavírus em 30 minutos e que pode vir a revolucionar o diagnóstico junto dos casos suspeitos de infeção.

O kit conta com tecnologia patenteada pela Universidade e vai permitir às equipas na linha da frente a realização de testes rápidos, aguardando apenas pela aprovação das autoridades e pode em breve substituir os actuais exames, que apenas podem ser feitos em laboratório.

A preocupação pela elevação do preço das propinas nas Universidades de Angola, quiçá, é mais relevante e prioritário no actual contexto (...)

Prezados MÉDICOS, mais do que ir à TV Zimbo ou TPA, conceder entrevista especial, para publicitar o vosso perfil técnico-profissional, o momento actual é invulgar e oportuno para ajudarem o país a preparar-se, visando lidar com este problema que já foi declarado como Emergência de Saúde Pública Global pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Enquanto isso, como não sou médico e tampouco decano de qualquer Universidade, o meu dever de cidadania assenta sobre esta reflexão que decidi partilha-lá, apelando à calma e confiança nas instruções transmitidas ou que venham a ser dadas pelas autoridades competentes em relação ao que deve ser feito para lidar com o problema do momento O CORONAVÍRUS.

Gaspar José,

Luanda, 03-01-2020.
Dr. Aleixo, Hospital Geral Dr. Juan Bruno Zayas Alfonso, Santiago de Cuba. 

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